1 de fev. de 2010

Panorama latino-americano

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A crise mundial chacoalhou um ciclo de certo progresso que já se estendia por quase vinte anos nos países da América Latina.

Todavia, em virtude da solidez do controle inflacionário e a diferente versão da bancarrota, com epicentro nas hipotecas estadunidenses, estes ditos países acabaram amortecendo o golpe e raiam 2010 com boas perspectivas econômicas.

A CEPAL estima que embora o PIB latino americano tenha tido um pífio crescimento em 2009, 0,3%, em 2010 haverá uma alavancagem de até 4,1% - o Brasil espera 5,5%.

Como sou conservador em prognósticos, dar-me-ei por arriscar que o Brasil cresça 3,5%: isto puxaria o índice geral do continente latino para baixo, mas só o fato de ultrapassarmos os 3% já nos garantiria um dos maiores crescimentos globais, pois os rumos da economia mundial ainda acusam o golpe.

Há que se considerar, nestas perspectivas da macro economia sul americana, os humores da política interna dos países do cone.

As peraltices de Chávez, por exemplo, na Venezuela, acabam contaminando as eventualidades vizinhas.

Em 2009 houve seis eleições presidenciais e somente em El Salvador houve mudança real: o empresário de comunicação Carlos Funes venceu, pela Frente Farabundo Marti para a Liberação Nacional, um partido de extrema esquerda, o conservador Rodrigo Ávila.

A propósito, Carlos Funes é casado com uma brasileira: a paulista Vanda Pignato, que trabalha na embaixada brasileira em San Salvador.

Como agora em El Salvador, há comandos de esquerda no Equador, na Bolívia e no Uruguai.

Não espero para os próximos quatro anos qualquer mudança de rumo naquelas plagas, pois a fórmula chavista acabou virando moda: os presidentes eleitos patrocinam plebiscitos para lhes garantir continuas reeleições, o que acaba, no fato, constituindo uma ditadura.

O arremedo de monarquia com a desculpa plebiscitária só não deu certo em Honduras: Manuel Zelaya tentou a sopa, mas o caldeirão entornou em cima dele.

Aproveitou-se do caldo hondurenho, o fazendeiro Porfirio Lobo, que venceu a eleição e despediu Zelaya para a República Dominicana.

No Chile, o ultraconservador Sebastián Piñera, embora recebendo um governo de centro esquerda, não deverá ensaiar maiores mudanças, a não ser sintonia fina, para adequar a política interna.

Haverá três eleições em 2010 na América Latina: Costa Rica, Colômbia e Brasil.

Quaisquer que sejam os vencedores, todavia, não é de se esperar mudanças radicais na política econômica.

O quadro, portanto não deve ser de maiores turbulências, sendo possível fazer os prognósticos econômicos preliminarmente descritos, sem receio de frustração de cálculos quando dezembro chegar.

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