15 de jan. de 1999

Eu, o Marka e o Fontecidam

dolar

Eu estava nos EUA quando li a notícia das benesses concedidas ao Banco Marka, que comprou dólares do Banco Central, abaixo do preço de mercado, para não quebrar.

Como eu, nos EUA, havia feito dividas com dólar a R$ 1,20, e não mais que de repente, antes de voltar pra casa, a moeda já batia R$ 1,60, intuí que estava em situação semelhante, guardadas as devidas proporções, ao pessoal do Banco Marka: então eu poderia ter a mesma benesse.

Eu não sabia que o Banco Central podia vender dólar mais barato para, segundo as explicações esotéricas dos economistas do mercado, evitar bancarrotas, e se eu estava com problemas eventuais de solvência, devido à repentina alta da moeda, o Banco Central, também para mim, deveria vender dólares a R$1.20.

Principalmente porque, o meu problema estaria resolvido com uns dez mil dólares, o que é uma pechincha comparado ao um bilhão e meio de dólares que foram para o Marka e o Fontecidam.

Aliás, para mim o Banco Central deveria vender a menos de R$1,20, afinal, se o Banco Marka, pagou isto, eu deveria pagar menos, para fazer jus àquela interpretação da lei que diz que se deve tratar de forma desigual os desiguais para que todo mundo fique sendo tratado de forma igual.

Sei que isto é difícil de entender, mas, os advogados adoram complicar para que todos achem que só eles entendem do caqueado. Dizem até que o bom advogado é aquele que faz de toda solução um enorme problema.

Mas, voltemos ao mercado: eu não acredito que se o Marka e o Fontecidam não comprassem os dólares bem abaixo do valor de mercado, eles quebrariam e causariam a maior confusão no mercado financeiro.

Alguém aí já tinha ouvido falar nestes dois bancos? Como é que a quebra de dois tamboretes poderia afetar o mercado financeiro nacional, a ponto de autorizar a queima de um bilhão e meio de dólares?