1 de dez. de 2009

Eucaliptos na Amazônia

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Na inapetência para um solução razoável, o Pará se quedou ao menos mal no que tange à recomposição florestal: teremos reflorestamento com eucalipto em 65% da floresta devastada.

Do ponto de vista ecossistêmico isto é um desastre lamentável: os ecologistas do PT se estivessem na oposição, com certeza fariam discursos e passeatas contra a decisão.

Do ponto de vista econômico e de cobertura de solo imediata, é o menos mal, o que não elide o desastre anunciado.

O Governo do Pará queda-se ao fato com a intenção imediata de compor numericamente a carenagem da sua meta de plantar um bilhão de árvores: já há projetos fornidos de plantação de eucaliptos por parte de empresas que precisam de floresta energética.

Para que o imediatismo não seja compreendido como cinismo, deveria o governo, neste caso, abandonar o termo recomposição florestal, pois a espécie jamais poderá ser considerada para tal: a Amazônia desconhece o eucalipto no seu ecossistema e jamais aceitará recomposição, na sua mais completa tradução, com tal espécie.

Trata-se, portanto, de plantio de mono floresta energética, que poderá ter na sua destinação econômica peso específico na manutenção da floresta nativa: o ponto aí é a desgraçada construção minimalista de se concluir que quem faz o menos mal poderá estar, ou não, fazendo um bem.

Não obstante, jamais alguém que tenha um mínimo de compromisso com a verdade científica - se é que há espécies de verdades - poderá afirmar que o percentual destinado à tal plantação possa ser creditado para termos de recomposição florestal na Amazônia.

Não mais desejo discutir o mérito desta ou daquela atitude: estou morto para certos debates nos quais o império das conveniências já é vestibular à sensatez de alguma audiência.

Que se plantem os eucaliptos. Todavia, sustentar a falácia de que são eles alternativa para reflorestamento na Amazônia, é estuprar a nossa mais mediana inteligência.

Um comentário:

  1. Concordo inteiramente com o seu texto, devo lembrar que este é o processo que percorre o Brasil, Foi assim no Espírito Santo, em algumas localidades de Minas Gerais, no sul da Bahia, é sempre do mesmo, o método cínico de ainda, nos dias de hoje, enxergar a floresta nativa como obstáculo, derrubemos o obstáculo e plantemos a tal floresta transparente sem um milésimo da diversidade da Floresta tropical e com os otários dos contribuintes financiando os subsídios para a tal recomposição

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