A Chancelaria brasileira faz um jogo arriscado quando agenda apertos de mãos de Lula com o Presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e o Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
Sob o ponto de vista meso regional nada a reparar, todavia, quando a visão se amplia, e a análise do gesto se coteja com as grandes potências supranacionais, principalmente na parte que toca ao Irã, a coisa preocupa.
Mahmud Abbas, da Autoridade Palestina, não é capaz de causar ciúmes diplomáticos, pois a sua margem de manobra internacional é estreita.
O que causou espécie foi a Chancelaria ter permitido a Lula manifestar apoio franco a Mahmud, em detrimento de Israel, com quem o Brasil sempre manteve ótimas relações: Lula se deveria, no máximo, permitir uma promessa de mediação da causa palestina.
Mediação, aliás, é a única coisa que o Itamaraty deve ter tido em mente ao providenciar o pouso de Ahmadinejad no Brasil.
Há um movimento claro das grandes potências, capitaneadas pelos EUA, e com o aval da ONU, para isolar o Irã a fim de obrigá-lo a abandonar o seu programa nuclear.
Já que ninguém quer conversar com Ahmadinejad, Lula, aproveitando a sua ascensão internacional, tenta se credenciar a fazê-lo, o que, em tendo alguma chance de ocorrer, selaria o Brasil como ponta de lança na solução da crise que o regime dos aiatolás insiste em alimentar.
Todavia, em recrudescendo o embargo, o Brasil se veria obrigado a aderir ao mesmo, pois não seria possível para nós bancar a posição de Ahmadinejad frente a parceiros comerciais e políticos com efetivo poder de inclusão.
A nossa Chancelaria deveria ser mais prudente nestas incursões e, caso queira continuar sua trilha por estes pedregulhos, é de bom tamanho que prepare uma cartilha mais clara ao Presidente Lula, sobre o que deve ser dito em ocasiões delicadas como estas.
Deixar o protocolo sem isolamento eficaz pode, não mais que de repente, provocar um curto circuito, afinal, o Ministro Celso Amorim não é nenhum Henry Kissinger e Lula não é nenhum Richard Nixon.
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