5 de out. de 2009

Chuchu com polenta

richpoor[1] A consolidação da democracia brasileira não se deu com FHC. Embora este sempre se tenha auto intitulado um exilado pelo regime militar, este jamais o ameaçou e nunca representou um risco para o conforto das elites nacionais.

FHC nada mais foi que um enrustido representante da aristocracia paulista, travestido de social democrata.

Foi Lula quem concretizou os alicerces da democracia nacional. Com ele, e após ele, se faz impraticável qualquer arremedo de volta a um regime de exceção.

A agenda social de FHC não passou de um quesito programático, concebido com a empáfia sociológica plástica da Senhora Cardoso.

O Brasil sem diploma, sem eira e nem beira, que não faz compras na Rua Oscar Freire e nem janta no Mangal das Garças, não foi preconceituoso com a Avenida Paulista: elegeu FHC duas vezes.

A inteligência nacional não questionou os erros da era FHC com a virulência que poderia ter concebido, nas diversas oportunidades que o tucanato cometeu, ao produzir fatos que, se lidos com a ótica que a imprensa tem hoje, produziriam escândalos similares a estes que ora se debitam ao Presidente Lula.

Saiu o sociólogo de Higienópolis e entrou o torneiro mecânico.

No imaginário popular, Lula representa o mito da oportunidade dos países livres: pode-se sair do sertão pernambucano em busca do que comer e vir a ser Presidente da República.

Se não pode ser para todos, mas, foi um daqueles, sem diploma, eira ou beira, que chegou.

Cada cidadão que conserva suas raízes similares, ou ainda luta para implantá-las no solo difícil da economia globalizada, identifica-se com Lula e, para azar dos tucanos, aqueles são a maioria dos eleitores.

Para os que ainda não usam black tie, a agenda social de Lula foi mais eficaz e pertinente. Estes, vez por outra, sentem uma imensa vontade de esganar o PT e o Lula: desgostam-se com ambos, pois poderiam ter sido menos contumazes e mais cuidadosos.

Todavia, o espírito de corpo fala mais alto, e, como o Brasil ainda não tem dois estadistas como candidatos de segundo turno, a peleja acaba revelando a queda de braço entre dois brasis: os ricos, os que se acham ricos e os pobres.

A classe média, portanto, é que acaba decidindo a parada e, pelo andar da carruagem, resolveu tomar as dores de Lula.

Talvez tenha tomado esta atitude não por achar que ele tenha razão, mas por não ter aprovado o tratamento a ele dispensado pelos que se julgam donos da moral, da ética e da filosofia em geral.

O recente debate presidencial serviu para despertar o espírito de corpo daqueles que, há quatro anos, se identificaram com Lula.

Perguntaram-se, mais ou menos, o seguinte: com que direito Alckmin trata o Presidente da República desta forma mal educada? O que o faz afirmar que agiu assim porque traduziu a indignação do povo? De que povo ele está falando?

Alckmin errou ao mudar tão repentinamente de personalidade. Foi bizarro vê-lo distribuir bordoadas desniveladas com o único intuito de fazer o adversário sangrar: não teve o comportamento do estadista que pretenderia ser.

O resultado do equívoco, pelas razões já aventadas, foi o aumento das intenções de voto em Lula.

O tucanato, que há quatro anos vem estocando Lula a ferro e fogo, já deveria ter intuído que esta tática não lhe resolve o intento.

A imprensa já deveria ter compreendido que o tratamento que dá aos erros do PT e do Presidente, apenas desperta naqueles que se identificam com eles, a resolução de mantê-los.

Não se deve jamais alcovitar ou tratar com eufemismos os erros dos inquilinos da República, mas, ser tão parcial e preconceituosa no tratamento, como tem sido a imprensa com Lula nos quatro anos do seu mandato, é algo que realmente precisaria ser evitado.

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