É necessária uma ação enérgica dos poderes constituídos, para conter o desperdício de água, ao mesmo tempo que se busca universalizar a sua entrega.
Os recursos hídricos do planeta têm sido vetores de desenvolvimento econômico, porém, a crescente busca por água vem degradando as fontes naturais.
As cidades têm alterado o ciclo natural da água, e os ecossistemas que lhe garantem quantidade e qualidade estão sob forte pressão.
Segundo indicam dados da WWF internacional, “o meio ambiente está enviando sinais de alerta que têm sido largamente ignorados até o presente momento”.
A expectativa em torno de uma crise mundial da água apóia-se em tendências claras.
Existem 23 megacidades no mundo, com mais de 10 milhões de habitantes. De acordo com dados do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, a cada ano, somam-se 60 milhões de novos habitantes a estas megacidades, acirrando as demandas por água e multiplicando os problemas decorrentes da superexploração, poluição ou má gestão dos recursos hídricos.
Até 2025, cerca de 5 bilhões de pessoas estarão vivendo em zonas urbanas, atrelando qualquer solução para a crise da água à governabilidade das cidades.
Metade das cidades européias já explora águas subterrâneas acima da capacidade de reposição natural.
A Cidade do México está afundando, literalmente, devido à retirada excessiva de água do subsolo.
Diversos países têm sérias dificuldades com a poluição de seus aqüíferos, em alguns casos, diretamente relacionada à super exploração ou redução da recarga.
Outra tendência, que reforça o quadro de crise mundial da água, é a dos conflitos em regiões, onde dois ou mais países compartilham a água de rios ou aqüíferos subterrâneos comuns.
A desigualdade social também estabelece barreiras no acesso à água, separando ricos e pobres: são as populações mais pobres as mais expostas a desastres relacionados à água, incluindo secas freqüentes, desertificação e inundações de larga escala.
Na média mundial de uso da água, o maior porcentual se destina à agricultura com 67%, seguida da indústria, com 19%. O uso municipal ou residencial fica com 9%. E estes 9% são distribuídos de forma absolutamente desequilibrada entre pobres e ricos, com pelo menos 3 bilhões de pessoas obrigadas a servir-se de águas contaminadas.
Na maioria dos países em desenvolvimento, cerca de 90% dos esgotos são jogados, in natura, nos cursos d’água.
O resultado, de acordo com a OMS, é que mais de 5 milhões de mortes anuais são ocasionadas por doenças de veiculação hídrica e pelo menos um quarto da humanidade permanece sem acesso à água segura e saneamento.
Um total que pode chegar a 3,5 bilhões de pessoas ou metade da população mundial esperada, dentro de 20 anos.
É um quadro preocupante mas não irreversível. Tudo depende do cidadão tomar consciência de que na sua cesta de atenção e cuidado, deve estar o modo como estamos gerenciando o uso da água e a política que os governos estão adotando para a sua exploração e comercialização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário