Os ladrões de banco sempre gozaram de certa admiração por parte dos estadunidenses: eles “roubavam os banqueiros avarentos que extorquiam os que precisavam dos seus serviços”.
Jesse James, John Dillinger e Willie Sutton, foram os mais famosos da espécie, o primeiro nos idos de 1800 e os dois seguidos nos idos de 1900.
Willie Sutton, falecido aos 79 anos, em 1980 em uma pacata cidade da Flórida, é o único que até hoje ainda não saiu do imaginário popular, menos pelos roubos a bancos que praticou, e mais por uma frase que cometeu.
Durante o seu julgamento, a Promotoria perguntou-lhe porque havia optado por roubar somente bancos. Slick Willie, como era alcunhado, respondeu o óbvio: “é lá que está o dinheiro”.
Eu não me lembrei de recorrer a Slick Willie ao afirmar, em artigo do ano passado, quando foi rejeitada a CPMF, que o Governo aumentaria impostos para se compensar: eu afirmei o óbvio.
Na semana que se seguiu à sucumbência do Governo ao Senado, aquele anunciou que não aumentaria impostos, mas, procuraria outras maneiras de compensar a perda dos R$40 bilhões que deixariam de entrar em 2008.
A oposição acreditou. Os banqueiros acreditaram. A FIESP, que patrocinou o fim da CPMF acreditou. Eu não acreditei.
Não que eu achasse que o Governo não tem palavra: governo têm apenas conveniências.
Ao raiar de 2008, o Governo anuncia, dentre outras medidas, o aumento de impostos para compensar a falta da CPMF.
Os aumentos anunciados chegam na mesma linha da contribuição extinta, na base do paga mais quem tem mais e quem pouco tem nada paga: é a ressaca da FIESP depois do réveillon do Senado e o porre da oposição, que resolveu bancar a extinção de um imposto eficiente e socialmente justo.
O fato é que, estivesse ou não o Presidente Lula com tudo premeditado ao resolver pagar para ver o Senado tirar a CPMF do governo, a dúzia passou a valer 24 para o Governo.
O Planalto ganhou a DRU, que lhe dá uma confortável margem de manobra financeira ao desvincular as receitas e, de quebra, cunhou um discurso de palanque contra a oposição que, mesmo confrontada com o compromisso de ir toda a CPMF para a Saúde Pública, manteve o queixo de rejeitá-la: eles não usam o SUS.
Na verdade, a vitória da oposição foi uma vitória de Pirro: o Governo, embora arrote prejuízo, não o terá; o contribuinte, embora ouça arremedos de benefícios, continuará, por outros meios, pagando o mesmo preço.
É preciso que o debate fiscal seja feito com a nação de forma mais pertinente e responsável.
O que deve ser debatido com mais intensidade não é a carga tributária que pagamos, mas, com que responsabilidade e eficiência o Governo a está usando e como nos estamos usufruindo dela.
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