O Senador Arthur Virgílio, o Jim Jones do tucanato, referindo-se às conseqüências das atitudes que tomou no episódio da CPMF, revelou que “não quebrou a cara”.
É verdade: o tiro não lhe foi na cara, mas no pé. Aliás, Arthur Virgílio, desde a eleição para governador, em 2006, já estava com os pés quebrados quando amargou uma derrota retumbante ao angariar míseros 5% do eleitorado do Amazonas.
Não é verdade que a CPMF se embute em um dos elementos que dificultam o desenvolvimento nacional.
É uma falácia o conto de que o Brasil tem a maior carga fiscal do mundo: estamos na média do mundo desenvolvido.
Temos a maior carga fiscal da América Latina, em compensação, oferecemos mais serviços públicos que todos eles e o Chile, sempre dado como exemplo de desenvolvimento, tem um PIB menor que o estado de São Paulo.
É verdade que o Brasil não aplica de forma eficiente os impostos que arrecada. A batalha, portanto, deveria ser contra a forma como fazemos as despesas e não contra o que estamos conseguindo arrecadar.
Não foi o zelo com o fim da voracidade fiscal e nem compromisso algum com a independência do Senado que jogaram a CPMF ao chão.
Na verdade, duas coisas concorreram definitivamente para o desenlace que teve a votação: a arrogância de Lula e a inveja de FHC.
Lula escolheu uma trincheira equivocada para combater: quis fazer o papel de sindicalista em porta de fábrica, que vocifera contra o patrão e depois se senta à mesa para negociar. Colocou o fígado a serviço da causa e contaminou a CPMF com uma cirrose sem reversão.
O PSDB se colocou a serviço da eterna inveja que FHC nutre por Lula e por José Serra: o plano dos tucanos liderados por FHC é inviabilizar a mudança de Serra do Morumbi para o Alvorada.
Para isto FHC não hesitou em contratar os serviços do Senador Virgílio, debalde os apelos do próprio Serra e de Aécio Neves, outro tucano que FHC não desejaria ver no Planalto. A bem da verdade, FHC não suportaria ver nenhum tucano no planalto depois dele.
O fim da CPMF não foi uma derrota a ser debitada somente a Lula: os governadores e prefeitos perderam com ele e o tiro no pé foi por conta de que, entre estes governadores, 04 são do PSDB: José Serra, de São Paulo, Aécio Neves, de Minas Gerais, Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul e Teotônio Vilela, de Alagoas.
Os 04 governadores do PSDB, juntos, deixarão de receber, a partir de 2008, cerca de dois bilhões de reais ao ano, o que não é o fim do mundo, mas que chega a incomodar com impacto médio nos seus respectivos orçamentos de 5 a 7%.
O tiro no pé que a oposição cometeu se dá também pelo fato de o governo ter ganhado um discurso ao perder o dinheiro da CPMF: independente da acuidade da fala, transferir-se-á à oposição a culpa pelo sumiço de R$40 bilhões da saúde, todas as vezes que alguém reclamar de dor de cabeça.
O governo vai providenciar para não sofrer perdas. Não com corte de despesas, como querem, ou acham que terão, os românticos, mas, com aumento de alíquotas de impostos que o Presidente pode fazer, já, por decreto. E são muitos os meios que o Planalto tem para tal, autorizado que está pelo próprio Congresso, a tirar algum do bolso do contribuinte.
A Folha de São Paulo, em manchete de primeira página, afirma que “O fim da CPMF não trará economia expressiva ao dia-a-dia dos consumidores. Embora sua arrecadação anual seja alta, seu custo mensal é pequeno comparado ao de outros tributos".
Ou seja, é verdade que o pobre era o grande beneficiários da CPMF, que só era paga por quem movimentava contas bancárias, que não chega a ser 15% da população e deste percentual, a classe média alta e os ricos eram responsáveis por 80% do arrecadado, daí porque pegou a máxima de que a CPMF era o “único imposto que rico não conseguia sonegar”.
Tanto foi a cura da ressaca cedo, que, um dia depois da festa os líderes do PSDB e do DEM no Senado já acenavam loas ao governo, dizendo-se prontos para negociar um reforma tributária.
Lula, ainda com o fígado na mão, continua destilando fel: continua equivocado. Deve guardar o seu fel para 2010.
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