Arthur Clarck, em seus romances de ficção científica, foi o primeiro escritor da era contemporânea a prever a revolução que a informática faria em nossas vidas e muito do escrito por Clarck como acontecendo em 2025, já não é novidade hoje.
Embora Bill Gates tenha falado mais do passado em seu livro “A Estrada para o Futuro”, tudo que ele falou do futuro já é possível.
Os laboratórios de informática das grandes empresas do setor, aliados às universidades que pesquisam na área, escondem uma informática que só poderá ser absorvida por nós daqui a uns 20 anos.
Esta semana, Nicholas Negroponte, que dirige o Medialabs, um dos maiores centros de pesquisas do mundo em sistema contextual de reconhecimento de voz e realidade virtual, voltou a se referir a um sistema que pode revolucionar a interface da informática: o “Cordial”.
Tal sistema, de iniciativa da IBM, desenvolvido em conjunto com a Universidade de Chicago, com contribuição algorítmica elaborada pela Fujitsu, disse Negroponte em uma conferência, está em fase final de elaboração.
Até quando eu sabia sobre o “Cordial”, uma das suas funções já terminadas já conseguia ouvir e escrever na tela do monitor o que lhe estava sendo ditado.
Não era uma simples sintetizador de voz em texto, como alguns programas domésticos, que dele surgiram, aliás.
Tratava-se de decodificar a palavra em escrita, com pragmatismo lingüístico, ou seja, o programa escrevia o texto pontuado e livre de erros gramaticais de qualquer natureza: corrigia semântica e morfologicamente a escrita como produto final, tomando por base o idioma inglês, tal qual foi desenvolvido.
Ao final do ditado, se assim desejasse o usuário, o programa explicava, oralmente, as correções ao interlocutor.
Ouvi, certa feita, Negroponte dizer que o Cordial ainda estava em fase rudimentar porque ele “apenas era um expert em sintática pragmática gramatical”, e precisava ainda "aprender a ser uma interface de comunicação pragmática entre o homem e a máquina", ou seja, ainda teria que aprender a conversar com o ser humano, a função final da sua elaboração.
Jean Paul Jacob, à época um dos orientadores do projeto, por parte da IMB, dizia que a utopia de Negroponte não poderia ser acessível a não ser que outros conceitos de hardware e linguagem de programação fossem elaborados.
Quando, esta semana, Negroponte afirmou estar o projeto em sua fase final, estava em Hokkaido, no Japão, recepcionando a Universidade de Hokkaido na empreitada final, por esta possuir adiantadas pesquisas em inteligência artificial, juntamente com a Fujitsu.
Na verdade, será acrescentado ao projeto do Cordial, os conhecimentos já elaborados de outro projeto paralelo ao projeto norte-americano, desenvolvido pela Universidade de Hokkaido juntamente com a Fujitsu: um hardware chamado BCI, abreviatura de Brain-Computer-Interface, em português, Interface-Cérebro-Computador.
O BCI é uma placa que acionada por um programa já em fase de aperfeiçoamento, faz com que o computador obedeça aos comandos do cérebro humano.
Não é novidade que o cérebro emite ondas elétricas. Com base nisto, descobriram os cientistas que para cada letra que pensamos é emitido um tipo de onda cerebral diferente. Um conjunto de letras forma uma palavra que emite outro tipo de onda e assim vai.
A função da placa BCI seria de captar estas ondas e através do programa específico transformá-las em palavras na tela do computador. Já se conseguiu isto com as vogais: bastante rudimentar ainda, diria Negroponte, pois as consoantes formam a base maior da linguagem humana.
Afinal, estaria o MediaLabs atrás do upgrade de hardware necessário para contornar a incredulidade de Jean Paul Jacob com o Cordial?
Se assim for, é possível que um novo patamar de linguagem já esteja elaborado e o Cordial está, agora, apenas limitado por capacidade de processamento?
Quando em 1968, Stanley Kubrick, filmou, de Arthur Clarck, “2001 - Uma Odisséia no Espaço”, projetou a sua saga estelar, em uma nave cujo computador, chamado “HAL”, era dotado de inteligência e sentimentos, ele imaginou que aquilo poderia ser possível em 2001.
O ano de 2001 chegou e não se conseguiu absolutamente nada parecido com o “HAL”.
Talvez, escondido em uma das salas do MediaLabs, haja algo que possa parecer com a ficção que Stanley Kubrick preconizou.
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