O Brasil, com emissões de gases do efeito estufa na ordem de 6 mil toneladas por dia, é o 4º maior poluidor da Terra.
As queimadas e o desmatamento na Amazônia, seja para a formação de pastagens, seja para a extração de madeira, a maioria de origem ilegal, ou para o plantio de soja, são as atividades que mais têm peso neste índice constrangedor.
Caso não sejam tomados os cuidados substanciais para ordenar a cultura da cana, para a produção da mais nova coqueluche do agro business, o etanol, os estragos serão maiores no já tão ameaçado ecossistema amazônico.
A lógica que sempre grassou, de que a floresta só tem valor no dente da serra de fita ou incinerada, continua: floresta em pé só serve para índio ou ecologista.
Segundo dados divulgados pelo Governo Federal, o desmatamento na Amazônia vem diminuindo, mas, urge que ele pare de uma vez.
O que já foi posto a pique já oferece espaço suficiente para gerar a riqueza pretendida, se explorado com tecnologia conseqüente.
Em 2004 a área desmatada na Amazônica foi de 27 mil km², o equivalente ao Estado de Alagoas. Em 2005, foram mais 18 mil km² e em 2006, 14 mil km².
A redução tem sido significativa, mas, as grandezas somadas resultam no desmatamento de 59 mil km²: uma área maior do que o Rio Grande do Norte e muitos países da Europa, cujo PIB é maior que todos os estados da Amazônia juntos.
Isto pode significar que os desbravadores, que se dizem os cavaleiros do desenvolvimento, estão mais para o último selo do que para a gênese.
As estimativas do Ministério do Meio Ambiente indicam que em 2007 a taxa de desmatamento terá uma redução de 30% em relação a 2006.
Se isto ocorrer, teremos a menor taxa de desmate desde 1988. A grandeza, todavia, do que ainda irá ocorrer em 2007, é desalentadora: irá ao chão 9,6 mil km² de floresta, ou seja, a metade do Estado de Sergipe.
Não é aceitável que o Brasil não tenha a capacidade de gerar a riqueza que pretende usando esta imensidão de área já degradada.
Nela dá para plantar a soja, criar o gado e produzir o etanol necessário. Não é possível continuar se permitindo o avanço da incompetência produtiva sobre a floresta.
Para servir de consolo, caso haja a redução de 30% em 2007, o Brasil deixará de despejar 410 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, conservará intactas 600 milhões de árvores e preservará 20 mil aves e 750 mil primatas.
A isto se some a enorme biodiversidade que existe em cada árvore e seu entorno.
O maior estrago neste avanço insano sobre o patrimônio florestal amazônico está no Pará: so em agosto deste ano, o estado já registrou 2.100 focos de incêndio.
O Pará é o líder nacional do desmatamento: em 2006, sumiu do estado 5.500 km² de mata nativa, o equivalente a superfície do Distrito Federal.
Alguns fazendeiros e madeireiros, que insistem em viver à margem da lei, estão destruindo 26 das 53 Áreas de Conservação da Amazônia.
Portanto, já passou da hora de dar aquela freada para arrumar o bonde.
Não há modo mais eficaz para estancar o apetite dos que praticam a imprevidência em nome da geração de riquezas, do que a moratória pura e simples do desmatamento, até que se consigam elementos suficientes para permitir a exploração absolutamente sustentável das riquezas florestais.
As áreas já exploradas e degradadas já são espaço suficiente para gerar riquezas que muitos países geram em cima de pedra.
O modelo que os governos têm adotado são equivocados, inclusive os assentamentos.
Ou se faz a moratória do desmatamento e se muda a lógica de exploração ou a Amazônia vai virar sertão, mas, enfim, no sertão também se pode gerar riquezas: é só plantar florestas nele.
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