18 de jun. de 2007

O dólar furado

bcry[1]

Empresários brasileiros acostumados à mão amiga do governo choramingaram tanto com a queda do dólar até que a vaca profana esguichou um pacote de benesses às carpideiras.

O governo colocou à disposição das chorosas empresas, através do BNDES, R$3 bilhões a juros subsidiados.

As empresas, na sua maioria, do ramo do setor têxtil, móveis e artefatos de couro, incluindo calçados, desde que faturem até R$300 milhões ao ano, poderão ir ao banco e sacar a grana, a juros anuais de 7 a 8%.

Se você precisar de dinheiro para salvar a pele ou a empresa, e ir ao banco tomar, mesmo chorando, terá que se submeter a juros três vezes maiores.

E eu que pensei que um dos dogmas do capitalismo era a igualdade de oportunidade para todos, vejo que os todos que importam e exportam em dólar são mais iguais que os que sempre ganharam a vida em real.

Com certeza, as empresas que não terão acesso a estas linhas de financiamento, também oferecem empregos e estão, por conta dos altos juros praticados no país, igualmente com problemas de estoque de capital para crescer ou se manter no mercado.

O Ministro da Fazenda disse, na hora da ordenha, que o crédito subsidiado oferecido não é, como poderiam pensar alguns, um favor para beneficiar empresas ineficientes, mas, uma tentativa de tornar mais competitiva a indústria nacional, nas áreas em que ela se mostra vulnerável à competição estrangeira.

Eu sou um destes alguns que pensam que se trata de um prêmio à ineficiência e um desrespeito aos demais segmentos industriais e empresariais que estão em dificuldades conjunturais, devido ao preço do dinheiro, e não estão tendo o mesmo tratamento.

Benefícios comerciais são instrumentos de equilíbrio econômico financeiro, todavia, não se devem privilegiar setores que simplesmente se valem estruturalmente de câmbio para viabilizar empreendimentos.

Estes setores deveriam ter feito contingências para uma eventual variação cambial: o Brasil tem dito, com todas as letras, que o cambio é livre e flutuante.

Segundo cálculos, se os R$3 bilhões forem todos tomados, e serão, pois o juro é de primeiro mundo, o contribuinte, que paga juros de 20% ao ano, terá sido tungado em R$407 milhões em subsídios.

Não está na conta o fato de que caso estes R$3 bilhões fossem tomados para investimentos novos, ao invés de servir para financiar imprevidências, o ganho da economia seria real.

Alguns afirmam que embora este custo seja incômodo, o subsídio pode representar um custo menor do que o desemprego que o fechamento destas empresas poderia significar.

Pura falácia: a atividade comercial continuaria através de outras empresas mais preparadas para a nova realidade cambial e os empregos seriam absorvidos por elas.

O governo deve fazer ouvidos moucos a setores que sempre fizeram os seus negócios, e enriqueceram com eles, na base do quem não chora não mama.

Ou, pelo, menos, dar leite a todos, pois, como sói ser, todo mundo chora, mas, só têm alguns mamando.

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