A discussão emancipacionista que está em evidência no Pará, tem propiciado constatações surpreendentes.
Pessoas que supostamente teriam condições para discutir o assunto com equilíbrio e sabedoria, limitam suas opiniões ao achincalhe.
De onde se deveria esperar achincalhes constatam-se um equilíbrio e uma delicadeza gratificante: o respeito mútuo é imprescindível ao bom termo de qualquer contenda.
No Pará inteiro, a ladainha é a mesma: a ausência do Estado é assunto de 10 em cada 9 oradores.
Alguns acusam o governo, a maioria, porém, acusa o Estado mesmo, excluindo dele a pessoa do governante.
O Pará não tem conseguido usar adequadamente os recursos que recebe, em benefício da população.
Se for verdadeiro o fato de que o problema não está no administrador, devemos então concluir que a causa desta situação está na arquitetura do Estado.
Outra conclusão seria mais radical: o Pará seria inviável, estaria falido e deveria fechar as portas.
Não acreditamos na inviabilidade do ser humano. A sua capacidade de gerar riquezas nas condições mais adversas é notória.
Dizer que um estado ou município a ser criado é inviável é duvidar da tenacidade da espécie humana.
Em pouquíssimo tempo o homo sapiens saiu das cavernas e chegou à lua: o ser humano é um vencedor.
As riquezas no Pará estão tendo resolutividade econômico-financeira. Ocorre que a população não está sendo beneficiada com isto.
Má vontade dos gestores? Não. Há impraticabilidade administrativa, que tem como causa o inadequado aproveitamento geopolítico do território.
Não é inteligente acreditar que se pode governar o Pará a partir exclusivamente de Belém.
É estrábica a visão colonialista que têm alguns grupos da capital em relação ao Sul e Oeste do Pará.
Algumas argumentações daqueles que se colocam de encontro à divisão do Pará, são de uma numerologia capciosa: dois bilhões de reais para implantar um novo estado, perda de 350 bilhões para o Pará, pois este é o valor estimado das reservas minerais.
A capciosidade está na falácia de ter como fundamento a idéia de que as regiões emancipáveis são um grande deserto onde se vai ter que construir tudo em 24 horas, inclusive os suntuosos palácios para abrigar os três poderes.
Povos precisam de governo e não de palácios de governos. A estrutura física que pode abrigar uma administração já existe nestes locais.
O argumento de que o Pará perderá suas reservas minerais para um futuro Estado de Carajás, é um sofisma: o Pará não tem reservas minerais.
O subsolo é patrimônio da União, e, no caso de Carajás, a União o entregou à Companhia Vale do Rio Doce, que explora, conotativa e pejorativamente, as tais riquezas minerais: o Pará só vê o trem passar e o navio zarpar.
Além do mais, discussões de retificações geopolíticas, devem-se dar sob óticas de desenvolvimento regional e não de negociações divorciais.
Caso se estabelecesse a lógica da compensação pelo que não é propriedade do estado, colocando-se na cesta o bem, só porque ele está no território, teríamos que colocar preço nos rios e nas florestas das áreas emancipáveis, o que seria um absurdo.
A lógica, portanto, que alguns estão querendo construir, peca pela falta de senso.
Mais sensato seria admitir a inviabilidade político administrativa do território paraense da forma como ele está inserido no mapa e discutir, a partir desta constatação, a melhor forma de retificar-lhe o território.
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