22 de jan. de 2007

O iFHC

fhc[1]
 
O ex-presidente FHC, à exemplo do que fazem ex-presidentes dos países ricos, fundou um instituto para cuidar do seu acervo.

Como não poderia deixar de ser, o nome do tal instituto é Instituto Fernando Henrique Cardoso, ou, para não correr das siglas, iFHC.

Eu não sei o que é que tem neste acervo e ainda não está claro para a nação qual o serviço que o iFHC pode prestar ao país.

Seja lá o que for, eu não desejaria dar um centavo sequer ao iFHC: prefiro dar uma moeda para estes malabaristas dos sinais.

Mera ilusão de contribuinte compulsório: eu, e você também, estamos contribuindo para o FHC posar de Reagan.

A imprensa paulista noticiou que a Sabesp presenteou o iFHC com R$500 mil.

A Sabesp é a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. É como se fosse a nossa Cosanpa.

Imaginem a Cosanpa fazendo uma doação de R$500 mil para algum tucano papa-chibé que fundasse uma ONG com o seu nome: foi isto que ocorreu em São Paulo com o FHC.

O fato de a Sabesp ter sido, nos últimos oito anos, comandada por tucanos, já deixa a coisa com um indício de amoralidade: coisa que os tucanos dizem abominar.

A doação foi feita com base na Lei Rouanet, de incentivo à cultura, o que quer dizer que o valor doado será abatido do imposto de renda da Sabesp.

Todavia, o que nos deve deixar, de fato, aperreados, é saber que, ao ser a quantia descontada no imposto de renda da Sabesp, o tal contribuinte, ou seja, eu e você, vai pagar o pato, ou melhor: o tucano.

Isto, definitivamente, não vale à pena.

Note-se que o fato só foi noticiado por se tratar de uma empresa pública, que deveria estar investindo o suado dinheiro dos seus usuários, na sua atividade fim: saneamento básico.

A não ser, é claro, que os diretores da Sabesp entendam que os objetos particulares do FHC, bem posicionados embaixo de luzes dicróicas, ajudem a malha de esgotos sanitários de São Paulo.

Na verdade o tal iFHC não recebeu doações somente da Sabesp. O correr da sacolinha do iFHC, no ano passado, arrecadou R$2 milhões.

Se estes R$2 milhões foram todos doados com base na Lei Rouanet, no resumo da ópera, quem doou fomos nós, pois, como eu já disse acima, há desconto no imposto de renda.

Este singelo exemplo de como está sendo usada a Lei Rouanet, deve servir de alerta para onde, porque e para quem, está indo a renúncia fiscal em nome da cultura.

Os incentivos fiscais devem ser parecidos com a anistia pós ditadura: amplos, gerais e irrestritos, ou seja, o alcance daquilo a quê se ofereceu a renúncia fiscal, deve ser de maior amplitude possível.

Achar que o acervo do FHC, e o iFHC tem aquela característica é uma ingenuidade eventual, para não dizer que é uma hipocrisia.

Portanto, fica aqui o meu protesto inócuo: eu não quero financiar o acervo do FHC: prefiro R$2 milhões investidos em saneamento básico.

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