5 de out. de 2009

Que é que isto cara?

O Presidente Lula, diante da reação negativa à postura do governo frente à nacionalização do gás boliviano, que não passou de apropriação de ativos da Petrobras na Bolívia, contestou que não usaria porretes e que a sua política era de carinho.

É claro que a inteligência nacional não quis recomendar ao Presidente Lula que despachasse as nossas divisões blindadas rumo a Morales.

Não há problema algum em ser terno, mas, não se deveria ter deixado de ser duro.

O Presidente Morales, além de não ser terno, foi extremamente duro e deselegante com o Brasil, no desenrolar do episódio: passou a sua estada em Viena a dar bordunadas no Brasil.

Os vitupérios de Morales foram de taxar a Petrobrás de contrabandista e sonegadora de impostos a acusar o Brasil de ter trocado o Acre à Bolívia por um cavalo: grande companheiro este Morales.

A Petrobrás, é claro, reagiu ao boquirroto.

O Brasil não se preocupou em dizer que foi bem mais que um cavalo o preço do Acre: em 1903, após negociações, comandados pelo Barão do Rio Branco, que invocava o princípio de Direito Internacional do uti possidetis solis, a Bolívia concordou em entregar ao Brasil o que hoje é o Acre.

O custo do acordo: o Brasil, além de ceder pedaços de território do então estado do Mato Grosso, pagou, em dinheiro, a importância de 2 milhões de libras esterlinas. Este valor, atualizado para hoje, seria algo equivalente a 01 bilhão de dólares ou 02 bilhões e duzentos milhões de reais.

Para não melindrar os acreanos, podemos até dizer que o Acre vale mil vezes mais que isto hoje, mas, em 1903, o preço foi mais do que justo.

Consta ainda que o Brasil também deu cavalos de presente à Bolívia, quando o acordo foi firmado: apenas mimos típicos da diplomacia, que o Presidente Morales faz questão de não exercer.

Afirmou também, Morales, que tentou falar com Lula antes do esbulho, mas foi impedido pelos assessores do Presidente e que, logo depois de baixar o decreto expropriatório, "num instante Lula falou com ele".

É difícil acreditar nisto. Caso seja verdade, a política externa brasileira precisa de corretivos urgentes: com certeza a assessoria presidencial vai dizer que Lula não está se eu quiser falar com ele, mas, dificultar a fala de um Presidente com outro Presidente é crime de lesa coexistência pacífica entre dois países soberanos.

Prefiro, porém, acreditar que foi mais uma afirmação leviana de Morales.

O Brasil precisa endurecer este jogo. É tão certo isto que, após à reação brasileira, com insinuações de endurecimento, inclusive com a possibilidade de retirada do embaixador brasileiro em La Paz, Morales começou a dar o dito por não dito e mandar apagar o que já estava escrito, culpando a imprensa por distorcer sua fala.

Quanto ao roncador venezuelano, Chaves, precisa a política externa nacional dizer-lhe, com as devidas vênias, que não mais aceitará sua interferência nos assuntos internos e externos que dizem respeito a nossa soberania.

Caso o Itamaraty não se cuide, passará a ser fato a afirmação da renomada revista inglesa The Economist, ao comentar a crise do gás, de que Lula passou a ser um "irrelevante espectador em seu próprio quintal".

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