Os EUA mais uma vez se consolidam como a mais estável democracia do globo ao eleger Barak Obama para presidente.
Obama era o único Senador negro desta legislatura. Tornou-se o primeiro presidente negro dos EUA.
Os jornais do mundo destacam o fato e evidenciam Obama como um marco para a América.
O Le Monde, não obstante, em matéria de Corine Lesnes, dedicou a sua edição política deste domingo para Michelle Obama, a primeira mulher negra a ocupar a Casa Branca.
A Senhora Obama, 1,82 m de altura e 44 anos, como o seu esposo, formou-se na mais renomada escola de direito dos EUA: a Universidade Harvard. Antes, já passara pela não menos renomada Universidade de Princeton, onde se formou em sociologia.
A sua tese de conclusão em Princeton tratou da divisão racial, definindo a maneira como estudantes negros incorporam “a estrutura social e cultural branca", perdendo a identificação com a sua comunidade de origem.
Como a tese tratava um tema controverso, Barak Obama solicitou que Princeton não a publicasse no período da campanha presidencial.
A imprensa pressionou e Michelle decidiu permitir a publicação: o texto revela uma jovem cética, quase amarga, com a sociedade americana branca.
Michelle concluía que o seu diploma na universidade permitiria que ela se instalasse "na periferia da sociedade", da qual "jamais viria a ser participante plena".
A carreira profissional de Michelle foi desmistificando, pelo menos sobre ela, a tese que assinara e, por fim, o resultado da eleição presidencial destruiu-lhe a lavra: ela está agora no centro do planeta.
Perguntada sobre a situação ela não perdeu a pose: "Sou uma singularidade estatística - uma mulher negra do South Side, não deveria estar onde estou".
Ela não está de todo equivocada: cresceu no South Side, a área negra no Sul de Chicago, mais ou menos equivalente ao Harlem em New York.
Seu pai era um funcionário público municipal que, mesmo com esclerose múltipla, tinha que trabalhar para compor a renda familiar. Sua mãe era secretária e cuidava da casa ao mesmo tempo.
Mas, para compensar, o casal Obama possui grau de formação acima da média americana, o que tem caracterizado os inquilinos da Casa Branca.
A Senhora Obama, desde Harvard, percorreu o caminho comum da “elite branca" americana: tornou-se advogada de um dos grandes escritórios de Chicago, onde, em 1989, foi encarregada de cuidar de um estagiário recém-chegado, também de Harvard: Barack Obama.
Foi pelas mãos de Michelle que Barack Obama, que não tinha elos em Chicago, deitou raízes em um dos maiores colégios eleitorais da cidade: o South Side.
Os críticos dos Obama afirmam que eles tiveram as oportunidades que alegam não terem os negros na América: o Chicago Tribune, durante a campanha, publicou a renda anual da Senhora Obama: US$317 mil.
O mundo espera que o casal Obama ajude a contar a história dos EUA. Menos com armas e mais com os ideais que fizeram da América a terra dos sonhos e oportunidades de todos aqueles que ainda hoje a buscam.
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