Na década de 60, na esteira de um relatório ambiental elaborado pelo MIT, a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, para discutir e propor meios de harmonizar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental.
Aproveitando os conceitos do relatório do MIT, intitulado Os Limites do Crescimento, a comissão cunhou a expressão desenvolvimento sustentável definindo-o como aquele capaz de suprir as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades do futuro. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
O debate em torno do desenvolvimento sustentável tem gerado atitudes descrentes em uns e movimentos angustiantes em outros.
A harmonia é cara e ainda não há consciência sociopolítica adequada ao pagamento da conta: enquanto não vem a liquidação do preço, a passeata dos ambientalistas vai perdendo espaço.
O planeta tem 11,4 bilhões de hectares onde é possível produzir com sustentabilidade: um quarto da superfície da Terra.
Nos três quartos restantes, qualquer tipo de atividade não é renovável, ou seja, não atende à definição de sustentabilidade.
Dados compilados pela WWF indicam que a humanidade já está usando o equivalente a 13,7 bilhões de hectares para produzir alimentos, água, energia e bens de consumo.
A diferença, 2,3 bilhões de hectares, ou cerca de 20%, alcança os estoques naturais não renováveis: isto configura uma crise ambiental mundial, pois o desequilíbrio da equação da sustentabilidade reduz irremediavelmente a qualidade de vida das gerações futuras.
Como os ecossistemas terrestres são inextricavelmente interligados, e a mudança climática é a primeira reação do planeta à insustentabilidade, as pesquisas se têm centrado principalmente neste campo.
Na semana que passou, publicou-se a conclusão de estudos realizados por pesquisadores do Reino Unido, Japão e Estados Unidos sobre mudanças climáticas.
A pergunta era: A ação do homem tem colaborado decisivamente nas mudanças climáticas detectadas nas últimas décadas no Ártico e na Antártica?
A resposta foi absolutamente positiva: está comprovado, pela primeira vez, que a ação do homem - como a queima de combustíveis fósseis e a emissão de gases do efeito estufa por indústrias e queimadas - é, de fato, a responsável pelo aumento das temperaturas daqueles continentes.
Ora, se é no Ártico e na Antártica, o que o resto do mundo tem com isto? Temos tudo com isto: mudanças climáticas nestes dois pólos mudam radicalmente o clima no resto do mundo.
O estudo, feito através de quatro modelos de simulação, usando supercomputadores alimentados com extensos registros da temperatura na superfície destes continentes, comprovam que a elevação da temperatura nos mesmos não são proporcionais às variações climáticas naturais e devem ser atribuídas diretamente à ação humana.
A economia não precisa parar de produzir e nem a sociedade precisa parar de consumir. Os paradigmas de produção e consumo é que precisam de novas tecnologias que atendam aos limites do planeta, ou a realidade mediata poderá ficar tão negativamente fantástica quanto algumas ficções cinematográficas.
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