O Congresso dos EUA, na busca da gênese da crise imobiliária, que acabou fazendo metástase, quis ouvir quem estava à frente do Federal Reserve, quando começou a inflar a bolha imobiliária.
O nome dele é Alan Greenspan, o mais longevo presidente do FED, que vem a ser o banco central dos EUA: comandou a instituição por 19 anos.
Greenspan, além de um refinado saxofonista, tocou com Stan Getz, é Ph.D em economia pela Universidade de Nova York: seus conhecimentos e experiência com a economia dos EUA levaram Ronald Reagan a apontá-lo, em 1987, para presidir o FED, cargo para o qual foi reconduzido por 4 vezes até se aposentar em 2006.
Mr. Greenspan sempre defendeu que a desregulamentação do sistema financeiro era benéfica para o mercado: achava que as próprias instituições de crédito eram mais bem habilitadas para proteger os interesses dos seus acionistas.
Isto funcionou por todo o século XX, ratificando, enquanto durou, a lavra de Adam Smith em seu bem escrito, “Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”.
Defensor astuto da política de Smith, Geenspan ressuscitou Keynes ao afirmar, no Congresso dos EUA, que estava parcialmente errado quando acreditou no império do mercado frente à necessidade de regulamentação pelo Estado.
Os economistas que assistiam a espécie de interrogatório respondido pela figura algo abatida, mas imperiosa, de Mr. Greenspan, sentiram um gosto amargo quando ouviram dele: “Aqueles de nós - especialmente eu mesmo - que acreditaram que o interesse próprio das instituições de crédito protegeria as ações de seus acionistas estão em estado de choque.”
Espera-se, portanto, que os EUA, doravante, façam a sua Bretton Woods interna, onde o intervencionismo estatal tenha presença mais forte no sistema econômico como um todo e em particular, mais amiúde, na regulamentação das instituições de crédito.
Enquanto isto, o quarto cavaleiro do apocalipse da crise, montado no seu cavalo baio, anuncia a morte de mais instituições de crédito.
Nouriel Roubini, o mais respeitado economista dentro dos EUA, por ter acertado 10 em 10 previsões que fez desde o início da confusão, vaticinou, esta semana, que centenas de fundos hedge vão falir nos próximos meses.
“Alcançamos uma situação de puro pânico. Haverá uma desova maciça de ativos e centenas de fundos hedge vão virar pó”, afirmou Roubini, para quem seria necessário fechar os mercados financeiros por, no mínimo, uma semana, para por ordem no sistema.
O pânico, é verdade, é um dos elementos com importante peso específico na crise: a globalização da informação, aliada a tendência da imprensa em carregar nas cores da versão que dá aos fatos, faz com que estes fiquem bem menores que aquela.
Portanto, além de economistas, precisam as equipes que formulam a nova ordem mundial, de psicólogos e terapeutas para ajudar as pessoas a enxergar que o mundo não vai acabar: estamos, tanto quanto, mudando a posição do dial no nosso rádio digital, para uma estação que toque o sistema financeiro com menos usura e mais responsabilidade.
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