O Ministro Mangabeira Unger cometeu um texto que intitulou “Projeto Amazônia – Esboço de uma proposta”.
O documento é uma coleção de paráfrases, cujos parágrafos podem ser encontrados em inúmeros trabalhos já produzidos sobre o tema.
O cardápio oferecido sequer chega a ser mais do mesmo: é apenas o mesmo de sempre.
O documento é cheio de lugares comuns, tais como “transformando a Amazônia o Brasil se transformará”, e apresenta, com pisado maniqueísmo, o contraditório ambientalistas radicais versus desenvolvimentistas moderados, seja lá o que isto venha a significar.
Apresenta como eixo da proposta o que deveria ser a premissa, ou seja, o zoneamento econômico e ecológico e a solução dos problemas fundiários na região: estas duas necessidades, se não sabe Mr. Unger, são apontadas desde que Francisco Caldeira aportou em Belém em 1616.
E assim vai o texto apontando o mesmo de sempre, passando pelas idéias da maioria dos geógrafos, economistas e ideólogos que já versaram sobre a Amazônia, desde a Zona Franca até a agricultura familiar.
Vez em quando voltam os clichês preferidos dos financistas da floresta, quando oram o óbvio com ares keynesianos, tal como aquele que diz que o Estado tem que fazer a floresta em pé valer mais que derrubada: melhor que isto só Adam Smith.
Mr. Unger também acha, como o resto de nós, que a Amazônia precisa investir em tecnologia e, concomitantemente, sistematizar a matriz de serviços ambientais, o que seria a questão técnica.
Finalmente, naquele retalho do documento, invoca como questão institucional, o braço do Estado para tanger o técnico e o tecnológico: elementar.
Chama atenção para a enorme biodiversidade da Amazônia e do potencial farmacológico que a exploração da mesma encerra.
Digressiona sobre o uso energético da madeira e o aproveitamento hidroviário e hidroelétrico dos rios.
Faz isto como se nunca uma viva alma houvesse escrito as mesmas coisas sobre o tema antes dele.
Será que o Mr. Unger acredita mesmo que está contribuindo com algo de novo sobre a Amazônia, ou só quer justificar o salário de ministro com chuva no molhado?
A pérola da novidade, no documento produzido pela equipe de assessores e assinado pelo Ministro Unger, é o parágrafo sobre a atividade mineral na Amazônia.
“A mineração que se faz hoje na Amazônia, sobretudo no sul do Pará, é uma das principais atividades econômicas da região. Pouco proveito traz, porém, à população amazônica. Tem valor substancial a seguinte simplificação: leva-se o metal para fora e deixa-se o buraco da terra. Empregos, poucos. Dinheiro, longe”.
Ele chegou a esta conclusão agora ou, como nós, constatou isto desde a Serra do Navio, ainda no século passado?
Tanto do mesmo nos leva ao terrível dilema do biscoito Tostines: o Ministro Unger pensa igual a nós ou nós é que pensamos igual a ele?
É irrelevante a resposta, mas, mesmo porque mais não seja, uma conclusão a mim se ratifica: o Senhor Unger e a sua pasta são um enorme equívoco para o Brasil e apenas uma falácia a mais para a Amazônia.
Leia aqui o documento na íntegra.
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