Na noite desta segunda-feira, 08.09, em Londres, Rajendra Pachauri, Presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, fará uma proposta tão recorrente quanto incômoda: as pessoas deveriam considerar comer menos carne como uma forma de combater o aquecimento global.
A proposta do Senhor Pachauri se baseia em números da própria ONU, que sugerem que a produção de carne lança mais gases do efeito estufa na atmosfera do que o setor do transporte: a indústria automobilística está em estado de graça..
Imediatamente após o anúncio da proposta a ser feita, a União Nacional dos Fazendeiros da Grã-Bretanha afirmou que medidas vêm sendo tomadas e que as emissões de metano de fazendas estão caindo: a nota não disse quais as tais medidas.
Mas, a Organização da ONU para Agricultura e Alimentos, FAO, estima que as emissões diretas da produção de carne correspondem a 18% do total mundial de emissões de gases do efeito estufa.
O número da FAO, de 18%, inclui gases do efeito estufa liberados em todas as etapas do ciclo de produção da carne: abertura de pastos em florestas, fabricação e transporte de fertilizantes, queima de combustíveis fósseis em veículos de fazendas e as emissões físicas de gado e rebanho.
Isto chega a ser um paradoxo alimentar: estamos nos envenenando com dióxido de carbono para comer um bife.
Pachauri argumenta que a mudança de hábitos alimentares é uma das opções para reduzir as mudanças climáticas.
Argumenta ainda Pachauri que pesquisas no mundo inteiro têm mostrado que as pessoas estão ansiosas com a questão ambiental e começam a se preocupar com o que elas estão contribuindo para o desequilíbrio climático.
Por isto, alertar para que percebam que podem contribuir para o reequilíbrio simplesmente mudando o que está no seu prato pode ter um efeito resolutivo considerável.
Pachauri afirma que há várias possibilidades de redução dos gases de efeito estufa associados aos animais em fazendas, que vão de ângulos científicos, como as variedades de gado geneticamente criadas para produzir menos metano em flatulências, até reduzir a quantidade de transporte envolvido, comendo animais criados localmente.
Ao fim, Pachauri aponta o dedo para nós aqui, ao observar que a maior fonte mundial de dióxido de carbono vindo da produção de carne é o desmatamento, principalmente de florestas tropicais, que deve continuar enquanto a demanda por carne crescer.
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