A revista Veja publicou matéria afirmando que foi encontrada escuta ambiental no gabinete do Ministro Gilmar Mendes, Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Tão grave quanto, emenda a publicação: agentes da Agência Brasileira de Inteligência, ABIN, grampearam, ilegalmente, todos os telefones de Mendes.
Provando a afirmação a revista transcreveu a degravação de uma conversa entre o Ministro Mendes e o Senador Demóstenes Torres, cujo teor, os dois grampeados confirmaram.
O Presidente do Supremo reagiu indignado: “Acho que o próprio presidente da República é chamado à sala. Acho que ele precisa realmente tomar previdências, e encerrar definitivamente isto que parece ser a instauração de um estado policial no Brasil”.
O Senador Torres foi no mesmo tom: “O que está acontecendo é desastroso para a democracia. A ABIN, um grupo criado para detectar focos de guerrilha, passou de todos os limites e está espionando o Legislativo e o Executivo indevidamente. Isso é gravíssimo. O fato é ligado ao presidente Lula e está descontrolado, ele tem que retomar esse controle , porque é uma questão de harmonia dos poderes”.
O Presidente do Senado Federal, Senador Garibaldi Alves, outra suposta vítima da febre de escutas telefônicas que virou moda no Brasil, acompanhou a fala: “Se está querendo implantar um estado policial se agredindo de uma forma vil dois presidentes de poderes da República e isso não pode acontecer em estado democrático nenhum”.
O Senador do PT, Aloizio Mercadante, solidarizou-se: “Isso é inaceitável. Tem que apurar quem gravou e por que gravou. É uma violência gravíssima do direito à comunicação. Seria uma violência com qualquer cidadão e é com o presidente do STF e com um senador da República”.
A ABIN escamoteia as evidências: tange a conversa para o acostamento, ao argumentar que o fato de Gilmar Mendes e Demóstenes Torres confirmarem a existência do diálogo, não significa que houve grampo, e se houve que ele tenha sido realizado por ela.
Mas, pelo sim, pelo não, prometeu abrir sindicância interna para apurar possível envolvimento de servidores em espionagem ilegal do gabinete do Presidente do Supremo.
O Planalto, através do próprio Presidente Lula, na tentativa de jogar uma pá de cal na crise institucional à vista, determinou ao Diretor-geral da ABIN, Paulo Lacerda, que demita sumariamente os responsáveis pela escuta ilegal.
De acordo com a Veja, a ABIN grampeou o Presidente Mendes, por ocasião da sua decisão de conceder Habeas Corpus a Daniel Dantas, em função da sua prisão na Operação Satiagraha.
A matéria da Veja foi entregue por um funcionário da própria ABIN, que confidenciou serem os grampos ilegais uma rotina na agência.
Segundo o dedo duro da ABIN, pessoas que já foram grampeadas pelo seu setor, são nomes conhecidos na República: o Chefe de Gabinete do Presidente Lula, Gilberto Carvalho, a Ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, José Múcio, das Relações Institucionais, o Presidente do Senado, Garibaldi Alves, os senadores Arthur Virgílio, Álvaro Dias, Tasso Jereissati e Tião Viana, além do Presidente do STF, Gilmar Mendes e o ex-presidente da mesma corte, o Ministro Marco Aurélio Melo.
São os velhos vícios da ditadura militar fazendo escola em pleno Brasil democrático.
Estava cheio de razão o Ministro Múcio, ao afirmar, meses atrás, que os telefones brasileiros eram uma imensa rádio comunitária.
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