A Bíblia conta que Golias era um gigante filisteu, com altura de 6 côvados, o que dava cerca de 3 metros. Só a cota de malha que Golias usava pesava cerca de 60 kg e a ponta metálica da sua lança pesava 7 kg.
Golias devia ser duro na queda, portanto, quando os filisteus colocaram aquela figura à frente dos seus exércitos, o medo abateu-se sobre o exército israelita.
Davi era o mais novo filho de Jessé, um modesto morador de Belém. Não tinha maiores dotes guerreiros e nunca fora de exército algum: ofereceu-se para lutar com Golias e o derrotou, tornando-se mais tarde, Rei de Israel.
A Vale encomendou uma pesquisa ao IBOPE: quis saber o que pensa a nação brasileira sobre o MST.
O MST tem sido o Davi da Vale: é claro que o movimento não terá a mesma dita do personagem bíblico, mas, as pedras que ele tem jogado na gigante do ferro, a tem incomodado sobremaneira.
Não precisaria ninguém contratar o IBOPE para saber qual a imagem que o povo do Pará tem da Vale: uma empresa arrogante que acha não ser da sua conta os problemas sociais das áreas onde ela atua.
Não é de toda justa esta imagem, mas, a empresa faz por onde assim se pense, ao tratar a questão social de forma tópica, apartada do fato de que as riquezas que ela explora são uma concessão do povo brasileiro e não uma propriedade privada.
O resultado da pesquisa contrapõe Maquiavel a Weber: o MST acha que os meios justificam os fins, a nação acha que não, mas, assevera que os fins do MST são nobres.
É uma boa hora para a Vale ler Weber e elaborar uma agenda social mais conseqüente e menos epidérmica com os bilhões que lucra: a responsabilidade social é a única forma de os trens da Vale continuarem nos trilhos sem que o MST lhe fique atazanando as locomotivas.
O MST, por seu lado, precisa repensar o método, para resguardar a simpatia da nação pelo seu objetivo.
A pesquisa mostra que para 45% dos entrevistados, a palavra que melhor descreve o MST é violência; para 27%, é coragem; e, para 24%, é a expressão reforma agrária.
Quando o IBOPE perguntou quem era a favor ou contra o MST, o resultado mostrou uma nação dividida ao meio: 46% se dizem favoráveis, e 50%, desfavoráveis.
A maioria dos entrevistados, 60%, consideram que as organizações camponesas estão se aproximando da criminalidade: estou entre estes 60%.
Adiante, a pesquisa revela que a nação também refuta a justiça com as próprias mãos quando vem do outro lado, ou seja, não vê com bons olhos a reação violenta dos que têm as suas terras invadidas: 40% acha que deve haver o diálogo e não a força.
Há os despojados: 27% respondeu que, caso tivesse uma propriedade invadida, cederia parte dela para resolver a questão. Talvez na prática a teoria deles fosse diferente...
A Vale afirma que a pesquisa foi encomendada para agregar subsídios ao seu conhecimento social e usá-los na sua agenda de relacionamento com as comunidade com as quais se relaciona no entorno dos seus projetos.
Não precisaria pesquisa para tal, apenas sensibilidade social, ou seja, com os bilhões que já lucrou, está na hora da Vale pensar em colocar no peito um coração.
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