O ex-presidente da República Fernando Cardoso, foi de uma clareza singela e de um cinismo espantoso, ao resumir, em uma frase, o PSDB.
Em entrevista à revista Valor, na semana que passou, ao ser perguntado qual seria a bandeira do PSDB se as eleições presidenciais fossem hoje, FHC cometeu esta pérola: “Nós fazemos melhor e com menos corrupção”.
FHC, que já perdeu muitas oportunidades de ficar calado depois que se mudou do Planalto, apresentou a tese do reducionismo cínico: a eleição presidencial estaria polarizada entre dois grupos corruptos, capitaneados pelo PT e pelo PSDB.
Ao povo restaria a escolha da geni, ou seja, decidir pelo menos corrupto, que, segundo a tese bizarra do FHC, seria o PSDB.
FHC afirmou que o PSDB é composto por pessoas corruptas, inclusive ele, que é um dos cardeais do partido, porém, na gradação da delinqüência, o PSDB tem grau menor.
Digamos que fossemos quantificar a corrupção em graus, já que o FHC apenas foi substantivo: poderíamos afirmar que o PT tem, de 0 a 10, um grau 5 de corrupção e o PSDB, menos corrupto, tem grau 4,99.
FHC foi injusto com o PT e com o PSDB. Não existem partidos corruptos: há pessoas corruptas que estão em uma ou outra agremiação. A metonímia, neste caso, é um hipérbato.
Pela avaliação inversa, o PT faz mais pontos neste jogo esquisito: tem punido mais a corrupção do que o fez o PSDB, que costumava varrer a sujeira para debaixo do tapete assim que via algum sinal dela.
O PT tem, inclusive, expulsado do Éden quadros que eram substanciais ao partido e que, por qualquer razão, resolveram morder a maçã.
O PSDB, a contraponto, tentou, e algumas vezes conseguiu, deixar seus adãos comerem a maçã toda e lamber os beiços, sem sequer lhes passar um ralho: especializou-se em tergiversar o que deveria punir.
A frase de efeito do FHC mais deveria magoar que tecer loas ao seu partido que se esforça por parecer o que não é, como se tivesse moral o sujo para falar do que ele acha mal lavado.
O Brasil precisa urgentemente sair deste tipo de conjuntura gramatical: a admoestação feita a Hugo Chaves por Sua Majestade Juan Carlos, sempre também servirá a FHC.
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