O título deste artigo é o mesmo que o renomado diário britânico, Financial Times, deu ao seu editorial publicado na sexta-feira, 30.05.
O diário, que está nas mesas do mundo financeiro com o café da manhã, coloca em dúvida a exatidão dos relatórios das agências de risco.
Duas das agências que o FT citou no editorial, a Fitch e a Standard & Poor's, foram exatamente as que deram o grau de investimento ao Brasil recentemente.
O FT afirma que as avaliações das agências de risco são questionáveis: "As maiores agências - Moody's, Fitch e Standard & Poor's, se enganaram redondamente na avaliação da capacidade de pagamento de dívidas no mercado de crédito imobiliário de alto risco".
As dívidas do mercado imobiliário de alto risco, são os subprimes, que estremeceram a economia dos EUA nos últimos 12 meses.
Continua o editorial do FT que “muitos chegaram a culpar as agências de classificação de risco pelo colapso no subprime, em retrospecto, pelo erro nas suas avaliações".
Em seguida, para aliviar a carga sobre as agências, o FT comete-lhes uma redenção compensatória, ao dizer que, no fato, "um monte de outras pessoas inteligentes também estava errada".
Por isto, alegando que pessoas podem errar mas empresas como as agências, que têm credibilidade coletiva e até de países, precisariam sofrer controle e monitoramento nas suas emissões.
O editorial não coloca em dúvida o grau de investimento recebido pelo Brasil: critica o fato das agências de risco não sofrerem qualquer espécie de fiscalização institucional, mas, soa estranho um editorial sobre o assunto no momento em que o Brasil recebe o santo grau das mesmas.
O editorial, aconselha um debate sobre o erro na classificação dos subprime. Neste ponto, há, nas entrelinhas, sérias suspeitas no comportamento das agências.
Diz o FT: "Primeiro houve fraude em algumas das aplicações básicas para hipoteca. As hipotecas de alto risco são uma invenção recente, então, há poucos dados sobre como elas se saem em uma economia em queda. Constatou-se que pessoas que têm hipotecas se tornaram mais dispostas a perder suas casas com a queda dos preços e deixaram de pagá-las”.
Pergunta o FT: “Como as agências de classificação não identificaram estas peculiaridades e avalizaram o subprime nestas condições?”
Sugere uma justificativa: as classificações são usadas pelos investidores, mas são pagas pelos emissores dos títulos. Por conta disso, as agências têm um incentivo financeiro para manter os emissores felizes.
Veremos como a leitura do editorial do FT poderá afetar a disposição dos investidores que estão dispostos a meter a mão no bolso em direção ao Brasil, depois do A triplo dado pelas agências: o FT e tão respeitado quanto elas.
Acredito que não haverá um aborto de intenções, mas, com certeza, mais cautela. Seria esta a intenção das mãos que digitou o editorial?
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