A ex-ministra Marina Silva era a consciência ambiental do governo Lula. Seus feitos foram muito mais simbólicos que práticos, já que o governo não tinha maior interesse em facilitar-lhe a agenda.
O nó górdio do desenvolvimento sustentável ainda permanece e, ao que parece, não é o performático Ministro Minc que se credencia a desatá-lo.
Ensaia o golpe no nó, o caricato Ministro do Núcleo de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, o enfant gate do agrobusiness e dos madeireiros.
Mr. Unger tem levado a turma do corte raso ao êxtase por onde passa, a alardear o tal Programa Amazônia Sustentável.
O nosso mais novo bwana tem repetido o que todo mundo está casando de ouvir Amazônia adentro: “é preciso buscar um equilíbrio entre a preservação ambiental e um desenvolvimento econômico da região”.
Mas, isto dito com sotaque harvardiano soa totalmente original. Assim como original soa, na voz de Mr. Unger, a velha sinfonia nunca executada do zoneamento ecológico e econômico.
Mr. Unger também vê a urgente necessidade de alterar o arcabouço jurídico a fim de simplificar o direito à propriedade privada na Amazônia.
Ele não explica como seria esta simplificação. Talvez, para o geral contentamento da sua platéia, fosse pertinente uma anistia ampla, geral e irrestrita aos grileiros.
Enquanto o Ministro Minc coloca a boca nos cotovelos e desenvolve o seu samba de breque, mandando os poluidores tremerem de medo e dando saudações ecológicas, o desmatamento continua lépido e faceiro: os novos levantamentos não são animadores.
Na esteira do Governador Blairo Maggi, o rei da soja, Mr. Unger avisa que “é impossível manter a região como um santuário, sem desenvolver ações produtivas, assim como é necessário conter os avanços depredatórios”.
Ele não deixa claro como se faz isto, quem vai pagar a conta do feitor e nem perde tempo elaborando cenários para as suas alternativas amazônicas.
Não nos conta, também, como, quando e onde, as tais indústrias se instalarão na Amazônia, para, enfim, nos tirar da idade do facão.
Mr. Unger tem idéias agradáveis, mas nada originais: tudo o que ele gagueja, já temos ouvido e dito, parafraseando Vandré, nas escolas, nas ruas, nos campos e nas construções.
Quem elaborou este PAS, afinal? Não seria mais produtivo começar a investir em ciência e tecnologia na Amazônia? Destinar para isto algo em torno de R$100 bilhões?
É isto que irá dar o ponto do doce que há muito vem sendo mexido por quem sabe e quem nunca viu a Amazônia: menos discurso e mais recurso.
Enquanto estivermos no cacarejo deste pessoal que vem para cá fazer mais do mesmo, achando que está sendo original, parafraseando Caetano, motos e fuscas vão continuar avançado os sinas vermelhos e perdendo os verdes: somos uns boçais.
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