A leitura da imprensa internacional depreende uma certeza neste caso da renúncia da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva: ao largo das conseqüências à política interna ambiental, o Brasil perdeu uma valiosa grife na condução da política ambiental externa.
O The New York Times destacou a saída da Senadora Silva frisando um ponto que ela mesma pinçou para justificar a retirada: "a estagnação do governo, pressionado a cancelar medidas contra o desmatamento."
Segue o The New York Times que a saída de Marina "chocou a comunidade ambiental internacional, alarmou organizações não-governamentais do Brasil e surpreendeu o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tomou posse em 2003 sendo saudado como o primeiro presidente verde do país".
Ao final o jornal pondera que o "retrospecto que Marina Silva estabeleceu para o Brasil deu ao país credibilidade internacional e permitiu a Lula se tornar um novo participante nas negociações globais sobre a mudança climática".
No Reino Unido, no The Independent, lido em todo o Império Britânico e parte do Oriente Próximo, a ex-ministra ocupou toda uma página.
O jornal classificou-lhe a saída como um "golpe para o futuro do planeta" e apontou-a como "uma voz solitária no governo brasileiro, derrotada em votações como a introdução de grãos geneticamente modificados, a construção de uma nova usina nuclear e em projetos maciços de infra-estrutura".
Na França, o Le Monde, que também cobre o Marrocos e as ex-colônias francófonas, lavrou que Marina "acumulou diferenças com os fazendeiros, principalmente o maior produtor de soja do país, Blairo Maggi, governador do Mato Grosso, o que teria, com o passar do tempo, provocado o desagrado do presidente Lula."
O El País, na Espanha, foi na mesma linha do Le Monde e finaliza a reportagem de página inteira, com as explicações dos fatos que enfraqueceram a ex-ministra, fechando o texto com a constatação de que o Presidente Lula, deu "as costas à maior defensora da Amazônia."
Na Alemanha a Der Spiegel, maior revista de circulação no país, lamenta a saída de Marina e afirma que ela colocou o Brasil na agenda ambiental mundial.
Finalmente, a maior e mais respeitada publicação econômica do planeta, a revista britânica Economist diz que a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente tornará mais difícil para o governo Lula "convencer os observadores da Amazônia de sua determinação de reduzir o ritmo de desmatamento".
A Economist enumera os fatos que levaram à saída de Marina e entre eles frisa as derrotas nas disputa com Dilma Rousseff em torno das licenças ambientais para as hidrelétricas do Rio Madeira e a polêmica com o Ministério da Agricultura sobre uso de terras amazônicas para plantação.
O texto menciona ainda como fatores que contribuíram para demissão de Marina Silva a aprovação do plantio de vegetais transgênicos e a indicação de Roberto Mangabeira Unger como coordenador do Programa Amazônia Sustentável.
O britânico The Herald Tribune, faz coro com as analises da Economist e diz que o saldo de Marina é altamente positivo e a sua saída neste momento "mantém sua reputação intacta".
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