O Presidente da Câmara dos Deputados havia dito a Bruno Maranhão, líder do MLST, que o receberia assim que houvesse uma folga na sua agenda.
O líder não se deu ao protocolo de aguardar a sua vez na fila de audiências. Sequer quis usar o seu poder de pressão para furar a fila.
Não queria, enfim, ser simplesmente recebido: queria invadir o Congresso Nacional. Desejava marcar uma posição de fortalecimento tático, e para isto planejou cuidadosamente a incursão.
Não foi a primeira vez que o MLST usou esta tática para estocar a República: o Ministério da Fazenda foi invadido por ele no ano passado, com a mesma estratégia revolucionária.
O MLST tem os olhos puxados: seu discurso defende uma revolução socialista baseado nas teses, e na lógica, do líder da revolução chinesa Mao Tsé-Tung.
Engana-se quem pensa que o movimento tem como finalidade a Reforma Agrária ou resultados na área campesina: estas bandeiras são meros meios para a sua estratégia revolucionária de poder.
Nos dias de hoje, a tese, e a lógica, soam como uma quimera, mas, pelo visto, ainda são combustíveis para movimentos como o MLST.
Deve o Estado cuidar-se com a radicalização do MLST, pois é muita fina a linha que separa a invasão do Congresso Nacional a um ato de terrorismo: uma bomba de pequeno porte faria um estrago similar e, já que se está optando por meios violentos para chamar a atenção para uma causa justa, conclui-se que os protagonistas do evento estão na fronteira.
Não há nexo de causalidade alguma, também, na correspondência que alguns articulistas quiseram elaborar, entre a crise pela qual passa o parlamento e a invasão.
O MLST não depredou o Congresso Nacional, porque lá há mensaleiros, sanguessugas ou assemelhados. Sequer esta particularidade passou pela neurologia do movimento na construção do ato. O movimento quis somente marcar posição política. Chamar atenção do Brasil para a sua causa.
Se o parlamento estivesse cheio de santos, coisa que, é claro, jamais vai ocorrer, a não ser que o Brasil vá para o céu, isto não pesaria na decisão.
Não cabe também, no foco, a alegação atenuante de que a miséria a que estão legados é o cimento de suas atitudes: a miséria dos componentes é apenas massa de manobra dos líderes para fundamentar a causa e conseguir angariar fundos.
Aliás, se os que estão com a mão na enxada passam fome, de barriga cheia estão os que seguram o microfone, instalados nas células de comando: o MLST, só do governo Lula, já recebeu cerca de R$6 milhões para subsistência formal.
Portanto, embora seja um fato a incompetência do Brasil no trato da questão agrária, e sejam legítimos os movimentos sociais afins, não se deve, em hipótese alguma, aceitar atos de violência contra as instituições.
Não se deveria, também, aproveitar o episódio para acossar a instituição atingida, com um “bem-feito” nas vírgulas, ou atenuar o ataque com um “esperavam-o-quê”, no ponto final.
Devem-se denunciar os erros e crimes de membros do Parlamento e cobrar-lhes a punição.
Não é uma atitude madura, todavia, tentar estabelecer nexo de ação e reação entre um erro e outro, como se querendo demonstrar que um anula o outro e tudo fica resolvido.
Agir ou pensar assim, é dar crédito a Talião, e não é a melhor maneira de se constituir uma sociedade.
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