Os candidatos que disputarão o Governo do Pará estão postos: Ana Júlia-PT, Almir Gabriel-PSDB, Edmilson Rodrigues-PSol, José Priante-PMDB, Atnágoras-PSTU e Leite-Prona.
Sem demérito aos demais, a disputa será um triângulo em cujos vértices se colocam Almir Gabriel, Ana Júlia e José Priante.
A arquitetura do PT, ao trazer a Senadora Ana Júlia para a cabeça da chapa, deitou por terra a ingênua expectativa tucana de liquidar a fatura em primeiro turno.
É fato que os quase 12 anos de permanência no poder faz com que o candidato tucano, Almir Gabriel, tenha o seu lugar garantido no segundo turno: não há meios factíveis de alguma força impedir que a fábrica de produzir votos, que é um governo, seja neutralizada em uma disputa.
A dúvida se remete para os outros dois vértices do triângulo. Qual deles deverá ser levado para o segundo turno?
A Senadora Ana Júlia, do PT, tem um histórico eleitoral invejável: os votos lhe têm brotado com certa facilidade.
O PT, embora ainda combalido com as rebordosas de ser governo com uma imprensa hostil, tem um Presidente da República forte, cujo vácuo quase levou Maria do Carmo, então candidata do partido a governadora, a vencer Jatene, o atual governador.
Maria não venceu por deficiência pessoal: não teve capacidade de surfar a onda que Lula fez.
Ana Júlia tem predicados suficientes para não perder o rebolado, caso Lula venha a tocar a mesma música na sua reeleição que se avizinha.
José Priante, do PMDB, tem sido um vencedor. Tem apetite pelo poder, característica subjuntiva essencial para a disputa eleitoral. Este combustível está abastecendo um engenho apto a fazer a diferença: a disposição de ir, pessoalmente, aonde o eleitor está.
Priante deverá embalar o PMDB, que sempre tem reclamado uma candidatura a governo, vinda de seus próprios quadros, o que não ocorria, à vera, desde que Jader Barbalho apoiou Hélio Gueiros.
Outra variável que poderá deslocar Priante, e não Ana Júlia, para o segundo turno, é a afinidade que este tem com um grupo significativo de prefeitos, de todas as siglas partidárias: muitos deles, por conta deste relacionamento, deverão dividir a bola entre Almir e Priante, diminuindo a força que a União pelo Pará empresta dos alcaides para turbinar o seu andor.
Tanto Ana Júlia, quanto Priante deverão usar o discurso da afinidade com o Presidente da República para, uma vez eleitos, trazer benefícios ao Pará, o que é um discurso consistente, na medida em que o eleitor simpatiza com a tese de ter um governador afinado com o Presidente da República.
É factual que Ana Júlia tenha vantagem neste discurso: ela é do próprio partido do Presidente possivelmente reeleito. Priante é do PMDB, que, todavia, tem sido de mais importância estratégica a Lula que o próprio PT.
Uma eventual desvantagem para Ana Júlia, é o fator Edmilson. Este, embora não tenha sido colocado na tríade, como oriundo do PT, levou consigo a sua fatia mais a esquerda e, na disputa que se inaugura, acaba capturando uma considerável parcela de votos de petistas insatisfeitos com as agruras do partido.
O quociente deste detalhe, é que o PT e o PSOL, que antes tinham um resultado percentual uno, agora dividirão o eleitorado: ponto para Priante, que sozinho, será o repositório do terceiro vértice.
Ao final, a expectativa é que, em um segundo turno, as oposições se aglutinarão e o Pará verá um das disputas mais acirradas da sua história. Quaisquer prognósticos de um segundo turno, antes de ele ter inicio, é ainda mero exercício escatológico.
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