Os destinos de uma cidade não dependem exclusivamente da habilidade administrativa do seu gestor principal.
Todavia é correta a pressuposição de que as atitudes tomadas pelo administrador são catalisadoras dos rumos que tomarão as ondas de desenvolvimento, a inércia ou a regressão da urbe.
A história se faz em ondas: o gerenciamento deste ciclo pode mudar o rumo da onda, intensificá-la ou diminuí-la.
As ondas se formam com as atitudes que tomam os cidadãos – quando votam, por exemplo - e uma vez quebradas, a história engrena o ciclo, arrastando consigo quem a ela quer resistir.
Cada ciclo deixa as suas próprias marcas, que vão dando o perfil das cidades.
O ciclo gerencial que conhecemos, as ferramentas administrativas que a legislação nos entrega, e a forma como as manejamos, já rompeu. Restou-nos a espuma nas mãos, e a ingênua impressão de que a onda voltará.
O desafio das cidades modernas, e dos administradores conseqüentes, é descobrir novas formas de gestão e empregar coragem para induzi-las.
As cidades se perdem nos escaninhos do conservadorismo da classe política e repelem qualquer tipo de reforma que desconstituam interesses quase tribais.
As cidades são organismos vivos, têm vontade própria e são temperamentais. Agir contra a vocação delas é meio caminho para uma administração pífia, no máximo razoável.
Em que última vez se debateu a vocação de Belém? O que deve ser feito para que a cidade se revitalize? Qual o projeto que Belém precisa para sair deste ciclo descendente na qualidade dos serviços que presta?
Não basta trocar o prefeito: isto seria a negação do primeiro parágrafo deste texto e uma obviedade lúdica.
A verdadeira mudança e o rebojo de uma nova onda estão menos no eleito e bem mais no eleitor.
Quem faz Belém somos nós. Os gestores, que saem dos nossos desejos, podem também sair dos nossos erros e são, ao final, o repositório das nossas felizes, ou infelizes, vicissitudes.
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