Quando a bomba atômica foi anunciada, o mundo inteiro admirou-se com a constatação do poder destrutivo do engenho advindo do estudo do átomo.
Nos dias de hoje, o arsenal atômico se reduziu a ogivas carregadas em supersônicos, cargas de metralhadoras giratórias.
A coisa se vulgarizou a tal ponto que o mundo despercebe anúncios com poderes destrutivos infinitamente maiores.
Os cientistas do laboratório Lawrence Livermore, nos arredores de São Francisco, na Califórnia, apresentaram, no último sábado, o que eles afirmam ser o laser mais potente do mundo.
O NIF, sigla em inglês para National Ignition Facility, é capaz de reproduzir o calor e a pressão de uma estrela e é principalmente destinado – seja lá o que isto signifique - a “a avaliar a confiabilidade e a estabilidade do arsenal nuclear americano”.
Afirmam ainda os cientistas, que o NIF pode ser a chave para o domínio da fusão de hidrogênio.
Trocando em miúdos: o NIF pode convergir 192 raios laser de a alta pressão para um mesmo ponto, reproduzindo a temperatura e a pressão do núcleo de uma estrela ou de um planeta gigante.
O diretor do programa, Edward Moses, discursou empolgado que "o sucesso do NIF será uma descoberta científica histórica; a primeira combustão por fusão dentro de um laboratório, reproduzindo na Terra o processo que aciona as estrelas".
Já devidamente apresentados ao NIF, vou dizer a vocês a minha conclusão sobre o aparato:
Em se considerando que o engenho foi financiado pela Administração Nacional de Segurança Nuclear, NNSA, na sigla em inglês.
Em se considerando que o diretor da NNSA, Tom d'Agostino, disse, na apresentação do NIF, que “o laser contribuirá com os esforços destinados a manter ativa a força de dissuasão nuclear dos Estados Unidos, sem fazer testes.”
Em se considerando que os cientistas dizem ainda que o NIF “viabilizará avanços importantes nas áreas de astronomia e astrofísica, ao recriar as condições existentes nas supernovas, os buracos negros e até no núcleo dos planetas gigantes”.
Não tenho dúvidas de que o NIF é a mais destruidora arma nuclear já construída pelo ser humano desde a bomba atômica, passando pela bomba de nêutrons.
Não tenho dúvidas, ainda, que os EUA usarão o NIF como uma arma de dissuasão nuclear, e aí está a tradução da afirmação dos cientistas e do NNSA sobre o objeto do programa.
Isto, é evidente, não descarta as demais utilidades que a equação pode ter, como na área de energia limpa, por exemplo, à medida que o NIF pode elaborar o processo de fusão nuclear.
Sob o ponto de vista utilitário o NIF é um fascinante progresso cientifico, mas, dada a sua objetividade militar, é uma insensatez.
Porém, comme il faut , a guerra sempre será o mais insensato capricho dos homens.
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