O líder cocaleiro, atual Presidente da Bolívia, Evo Morales, tinha como uma de suas promessas de campanha a nacionalização do setor energético do país.
Como pouco se acredita em promessas de campanha, e a maioria dos que as fazem esquecem-nas ato continuo à posse, não se deu crédito à fala de Morales.
A política externa brasileira tem sido um desastre inconseqüente. O Chanceler Amorim querendo transformar Lula no líder do Terceiro Mundo, afastou o Brasil do eixo das grandes potencias, e acabou por subtrair do país a hegemonia política que detinha na América Latina, que, de forma bizarra, tornou-se menor que sua influência econômica.
A Petrobrás é uma multinacional com bilhões de dólares em seu portfolio. Na Bolívia, diferente de outras multinacionais lá instaladas, investiu somas que ultrapassam um bilhão de dólares na exploração de gás natural.
Em sendo uma estatal cuja atividade é estratégica para o Brasil, a Petrobrás não tomou precauções táticas para a hipótese do Presidente Morales cumprir a promessa.
Com a responsabilidade de estado, em fornecer 50% do gás consumido no Brasil, a Petrobrás deveria ter desenvolvido uma inteligência de informação e contingência, e não ser tomada de calças curtas: seu desaviso era tamanho que o Sr. Gabrielli, presidente da empresa, há três dias do decreto de Morales, declarou ao mundo que tudo estava tranqüilo e não havia risco algum para as empresas que exploravam plantas energéticas na Bolívia.
A soma dos fatores acima cogitados deixou o Presidente Morales inteiramente à vontade, e seus ouvidos totalmente abertos aos lábios sedutores do Presidente Chaves e do velho Comandante Fidel: aquele se veste de líder revolucionário da América Latina, este ainda sonha com o marxismo-leninismo a embalar o continente.
Na prova dos nove, quem ficou de fora foi o Brasil: absolutamente infantil e mal preparado em matéria de política externa. Deve ter havido um terremoto no túmulo do Barão do Rio Branco.
O Brasil, se vigilante, precavido e resolvido a usar a sua força político-econômica, como maior potência regional e maior comprador de gás da Bolívia, poderia ter evitado maiores prejuízos, ou até poderia ter oferecido alternativas a Morales, evitando que ele cometesse a apropriação dos nossos ativos.
Foi apropriação mesmo, pois nacionalização ou expropriação indicaria pagamento da parte adquirida, e eu duvido que a Bolívia pague um real à Petrobrás pelo assalto.
Para piorar o esbulho, a política externa nacional foi incauta no antes e extremamente dócil no depois: a nota do Brasil dá parabéns à Bolívia por nos ter batido a carteira em aproximados um bilhão e meio de dólares.
Ao cabo, nós, os contribuintes, como sói ser, pagaremos a conta, seja pelo aumento direto do preço do gás, ou, subliminarmente, no aumento em qualquer outra coisa para compensar.
O Brasil precisa começar a se comportar no cenário internacional como o país grande que é. Ficamos com medo da ALCA, porque os EUA vão nos passar a perna, mas aceitamos a China como economia de mercado.
Neste anacoluto diplomático, se juntam Chaves, Fidel e Morales, e nos batem a carteira.
Como dizia meu pai, caboclo do baixo Tocantins, chapéu de trouxa é marreta.
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